A britânica número dois Katie Boulter recebeu uma "resposta muito calorosa" e "muito carinho" após revelar a escala de abusos direcionados a ela online.

Aos 28 anos, ela compartilhou suas experiências, que incluíram ameaças de morte, com a BBC Sport para destacar o problema dos jogadores que recebem mensagens tóxicas nas redes sociais.

Exemplos do abuso incluíam alguém dizendo para ela comprar "velas e um caixão para toda a sua família", com uma referência ao "túmulo da sua avó se ela não estiver morta até amanhã" e outro afirmando que ela deveria "ir para o inferno" porque havia feito o autor da postagem perder dinheiro.

Desde que sua entrevista foi ao ar, Boulter tem sido inundada de apoio.

“Eu olhei no meu telefone esta manhã e literalmente havia centenas de mensagens de pessoas reagindo a isso e cada uma delas apenas me dizia para ignorar e o quanto me amam e apreciam eu ter trazido esse assunto à tona,” ela disse após a vitória sobre Lulu Sun na primeira rodada do Lexus Nottingham Open.

"Foi uma resposta realmente calorosa ao ser divulgado e foi muito bom de ver."

“É muito raro eu entrar (nas redes sociais) com frequência, mas eu percebo algumas coisas aqui e ali e senti muito carinho por causa disso.”

Boulter acredita que grande parte dos abusos vem de apostadores que perderam dinheiro e sente que os incidentes podem levantar preocupações reais sobre sua segurança.

Uma mensagem dizia "espero que você tenha câncer".

“Eu só me pergunto quem é a pessoa que enviou isso,” ela disse em sua entrevista à BBC. “Não acho que seja algo que eu diria nem ao meu pior inimigo. É simplesmente uma coisa terrível, terrível de se dizer a qualquer pessoa. É horrível.

"Isso apenas mostra o quão vulneráveis somos. Você realmente não sabe se essa pessoa está no local. Você realmente não sabe se ela está por perto ou se sabe onde você mora ou algo assim."

O compatriota de Boulter, Jack Draper, disse que é “tão fácil espalhar ódio online”, enquanto seu noivo, o jogador australiano Alex de Minaur, também ofereceu apoio.

Falando após sua partida de estreia no HSBC Championships no Queen’s Club, Draper disse: “Não é fácil, especialmente, acho que ela (Boulter) disse, quando você é mais jovem e recebe todo esse abuso, dizendo que vão aparecer na sua casa e fazer isso ou aquilo. Não é agradável.

“Mas, ao mesmo tempo, me conforta saber que quem quer que esteja fazendo isso provavelmente está sentado no sofá da mãe, comendo um pacote de Quavers com as calças vestidas.”

A WTA e a Federação Internacional de Tênis publicaram na terça-feira seu primeiro relatório sobre o abuso online de jogadores após o lançamento do serviço Threat Matrix em janeiro passado.

O sistema opera em todas as principais plataformas de mídia social e utiliza IA e analistas humanos para identificar e combater assédio, abuso e ameaças direcionadas aos jogadores.

O relatório revela que 1,6 milhão de publicações e comentários foram analisados, com cerca de 8.000 direcionados a 458 jogadores identificados como abusivos, violentos ou ameaçadores.

Cinco jogadores receberam 26% do total de abusos, enquanto 40% das mensagens foram identificadas como provenientes de apostadores irritados.

Quinze contas foram identificadas pelas autoridades devido à natureza grave e prolífica das mensagens, enquanto detalhes foram compartilhados com as equipes de segurança em eventos de tênis para impedir que indivíduos tenham acesso aos locais.

Um porta-voz da WTA e da ITF disse: "Proteger os jogadores e a família do tênis em geral contra ameaças e abusos online odiosos é uma prioridade fundamental para nós."

"Dada a evidência clara destacada pela Threat Matrix sobre a ligação entre jogadores irritados e o abuso e ameaças online prolíficos, estamos convocando um diálogo construtivo com a indústria de jogos de azar para ajudar a enfrentar essa questão."

“Todos – operadores de apostas, plataformas de mídia social, órgãos reguladores, jogadores e autoridades policiais – têm a responsabilidade de tornar o espaço online mais seguro e positivo. Esperamos que a indústria de jogos responda de forma construtiva ao nosso apelo por mais ações da parte deles.”

Em resposta, um porta-voz do Conselho de Apostas e Jogos disse à agência de notícias PA: “Os membros do BGC não toleram abusos nas redes sociais, que não têm lugar nas apostas ou no esporte.”

Boulter foi elogiada por destacar a questão pela campanha United Against Online Abuse da FIA, uma coalizão baseada em pesquisas dedicada a combater o abuso online no esporte.

Um porta-voz disse: "Katie é incrivelmente corajosa por falar sobre o abuso online horrível e as ameaças que ela enfrentou."

“O abuso relacionado a apostas aumentou significativamente nos últimos anos e agora representa uma ameaça séria e crescente à segurança, ao bem-estar e à saúde mental dos atletas.”